Pela janela entreaberta
os raios do sol teimavam,
pela cortina fina,  
em anunciar a vida...
Mostrar alegria...
Embaixo do lençol eu me escondia.
Não estava alegre... 
Não era mais feliz...
Na noite anterior, a dor
escancarou a porta do meu coração
e, por lá se instalou...
Esparramando pelo chão
todos os meus sonhos...
Desarrumando todos os meus planos,
rasgando-os em pedaços, tão pequenos,
impossíveis de serem restaurados...
Quando enfim me levantei,
sabia que iniciava uma nova vida...
A vida que eu nunca desejei...
Passei pelo quarto de meu menino, 
ele dormia calmo, um anjo,
sem saber, ainda, a dor que o alcançaria...
No outro quarto,  a cama arrumada
delatava a falta que me 
acompanharia para o resto da vida...
Ela não mais estaria ali...
Nunca mais a gargalhada livre e linda...
Nunca mais o som alto
e o eterno rodopio pelo meio da casa...
e o eterno rodopio pelo meio da casa...
Nunca mais a pressa adolescente para tudo...
Nunca mais o burburinho de amigas e namorados,
Nunca mais o choro e o sorriso ao mesmo tempo, 
por tudo e por nada...
Nunca mais...
Maria Emilia Xavier

 
 
3 comentários:
Olá Maria Emília,
Me deu um aperto no coração, me passou uma sensação de perda de morte...espero não ser...de qualquer forma lidar com perdas é complicado!!! Um abraço de saudades!
Deus queira que seja apenas um poema triste, Maria! Abraço fraterno. Paz e bem.
Maria Espero que seja apenas um poema e que não tenhas perdido ninguém, porque lidar com perdas é muito complicado.
Beijos
Santa Cruz
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