quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Quando o vento chegou...


Com a certeza que você viria
Deixei as janelas abertas ...
Pela janela você chegou
e foi entrando furioso...
Me despertou...Eu me levantei
Nada mais ficou em seu lugar...
Parecia que você me enlaçava...
Me convidando pará dançar...
Eu até tentei te acompanhar
Mas não era um ritmo que me apresentava
Você apenas sussurrava...
Outras vezes apenas assobiava...
Sua presença refrescou o quarto inteiro
Minha camisola, antes molhada e colada ao corpo
Agora seca acompanhava o seu sibilar
dando outras formas a minha sombra
que com sua dança clareava e escurecia
em lugares diferentes todo o quarto,
Qual um caleidoscópio em preto e branco...
Assim você ficou por um bom tempo...
Furioso, como se urgência tivesse em chegar ou sair...
Assim sem avisar você espaçou o seu furor...
E, também, sua urgência parece que diminuiu...
Nesse hiato o céu clareou e um estrondo eu ouvi...
Você saiu exatamente como entrou...furioso.
E, ela caiu...grossa...forte...
levantando o cheiro gostoso de terra molhada...
Fiquei a admirá-la alguns segundos...
Mas o clarão dos trovões me deixava cega...
Fechei a janela, e me deitei...
Abraçada ao meu travesseiro...
Recordava o frescor que você me fez sentir...
Os sussurros e assobios com que você secou meu corpo suado...
E refrescada... adormeci.
(Maria Emilia Xavier)

Nenhum comentário: