Era uma tarde e chovia,
e no murmúrio das águas,
eu pude escutar as mágoas
da gotinha que dizia:
Seu moço, eu muito queria,
viver, aos homens, unida,
lhes dar banho, ser bebida...
mas, os homens, por capricho,
me usam pra levar o lixo
e me deixam poluída.
Seu moço eu venho pra terra,
deixo o mar, o rio, o céu,
pra mim o grande troféu
é ver o verde da serra,
o prazer d’água se encerra,
no ser “fonte do viver”,
se “fazer vida” e chover,
promover prosperidade,
matar, no campo ou cidade,
a sede do seu beber!
Mas, homens inconsequentes,
degradam meu lar, a terra,
colocam fogo na serra,
tornando o clima mais quente.
Escondem-se do Deus da gente,
esses filhos de Caim.
Covardes, se escondem assim,
como se fossem um eclipse,
antecipam o apocalipse,
que antecipa o nosso fim!...
Um dia, em reunião,
o “exército” H 2 O,
aproveitando um toró,
tomou uma decisão.
Mostrar toda indignação
ou qualquer nome que chame.
E que o homem não reclame,
pois ele está abusando,
e águas foram se juntando
e formaram a tsunami...
Macedo, Francisco Neves
Natal / RN
10 comentários:
Que maravilhosa poesia! Encantadora e profunda!beijos,chica
Essa poesia retrata bem a revanche das águas contra a degradação ambiental, como se o planeta fosse uma entidade viva e inteligente.
Ótima postagem, Maria Emília!
Abraços!
Linda poesia e muitissimo om gosto de posta-la aqui.
É a resposta, em ondas, que nos dá a natureza, não é, Emília?
Bjos
Linda poesia, beijo Lisette.
Que esta tsunami se reverta em alegrias e muita paz. Parabéns Maria. Tenha uma linda e feliz quinta feira.
Quantas verdades em forma de poema. Amei.
bjs
Uma profundidade assombrosa acerca da realidade o seu texto nos trás, impossível negar!
Como a garrafa com a mensagem dentro, após ser lançada, acaba voltando a praia, assim são os atos contra tudo que é natural, um dia acabam se voltando contra nós mesmos!
Abraços renovados!
Agradeço a sua visita e retribuo com carinho.
A natureza reagindo. Muito inteligente essa poesia.
O poeta Francisco Macedo, sempre atento aos problemas atuais, nos brinda com essa excelente poesia. Parabéns Maria Emília pela publicação. Abraços.
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