LEVADA MUITO LEVADA...O QUE FAZER COM ELA?
Já era sexta-feira e ela não conseguia um jeito de ser liberada do castigo. A semana toda ninguém se queixou dela, não deu resposta atravessada, usou o telefone respeitando o direito dos outros, não monopolizou a banheira, não inventou nada para fazer na casa dos colegas e assim só aparecer em casa a noite, compareceu no horário a todos os eventos familiares - desde o café da manhã até o jantar e comeu, sem reclamar, tudo que mandaram - chegou a assistir os programas na TV que os pais sempre recomendavam e apenas sorria diante da caçoada dos irmãos mais velhos, sobre seu comportamento irrepreensível . E nada... seu pai e sua mãe não pensavam e sequer falavam em suspender o castigo. Castigo demasiado, pensou... um mês inteirinho, das férias, só fazendo os programas com a família, nada de sair com os amigos, sem festas, sem clube, sem namoro no portão... Por que?... Havia ido ao cinema com o namorado sozinha, sem seus irmãos. O pai chegava do trabalho e a viu sair do cinema, sorrindo e alegre, de mãos dadas com um "homem"?!... exagerado... o "homem" tinha a idade dela.
Acontecer isso logo no primeiro ano que os pais haviam decidido atender ao pedido dos filhos de passar as férias no Rio em vez de mandá-los para a fazenda, em Minas... Mas até sábado a noite ela acharia uma solução, pois não iria perder o primeiro grito de Carnaval da sua vida. Todos estariam lá, até o "homem"...AHahah... E, sábado a noite chegou...ela deu boa-noite a todos e foi deitar. Entrou em seu quarto trancou a porta, trocou de roupa e através da janela chegou ao jardim e ali ganhou a rua... Os amigos e o namorado já a esperavam e juntos a sambar e cantar chegaram ao clube... dançaram, se divertiram, riram e gargalharam muito. Ela pensou...meu Deus o que eu perdi todos esses anos naquela fazenda chata...isto é muito melhor do que pude imaginar, quando me contavam como era...Seus olhos faiscavam maravilhados com tanta alegria...Voltou para casa e da cadeirinha que seus amigos fizeram com os braços, galgou a janela e chegou ao quarto...
Não quis acender a luz...mas não foi preciso ela foi acesa por seu pai que abraçado a sua mãe, meio chorosa, mostravam em cima da cama uma roupa, novinha em folha, para que fosse ao grito de Carnaval no clube...
Maria Emilia Xavier
REPUBLICAÇÃO
10 comentários:
Noooooossa, mas essa foi levadinha mesmo!!1 Perdeu de ir com roupa nova... Conheço uma que foi danada assim,rsrs Legal de ler! beijos,tudo de bom,chica
:-)) Mas valeu a pequena transgressão e a infelicidade inesquecível! Histórias que terá pra contar...
Beijos
Alguém se adiantou demais e alguém esperou demais...
Acabaram se desencontrando!
Belo conto, Maria Emília!
Abraços!
Mas que sapequeci. Mas com roupa nova ou não, satisfez o desejo e caiu na folia.
bjs
Maria Emília, com relação à sua dúvida, pelo horário que você me perguntou, eu estava justamente trocando a imagem.
Veja se agora está visível!
Abraços!
Bom, dizem que escondido é mais gostoso! :)
Jovem é jovem, só percebe que não vive numa prisão quando estrapola!
Grande abraçoe párabéns por tão bela inspiração!
Boa tarde, querida amiga Maria.
Essa moça levadinha lembrou-me da cidade onde nasci. Depois que passava o carnaval, ouvíamos várias histórias assim, que as moças haviam pulado a janela e dançado a noite toda.
Uma delas, se tornou esposa do meu irmão. Éramos vizinhos. A mãe dela deixou-a de castigo, porque ela estava namorando meu irmão, e ele não era um bom "partido".
Eles namoraram escondidos durante muito tempo, e acabaram se casando.
Tiveram quatro filhos. Hoje os dois já se foram, mas viveram intensamente o amor que sentiam.
Adorei!! O carnaval nos clubes era mágico. Tinha lança perfume, confete e serpentina.
Um grande abraço.
Tenha uma linda noite de paz.
(Muito obrigada pelo seu carinho)
Olá, Maria.
Os caminhos podem ser complicados, mas, como diz uma certa amiga, a web nem é tão grande assim, e acabamos esbarrando uns nos outros... rsrs.
Bom ter vindo aqui. Tenho adoração por crônicas, contos e parábolas, e o seu conto está riquíssimo, seja em enredo ou no esmero com que você trata o uso perfeito da língua.
E como disse o Leonel, desencontros acabam acontecendo. E quem de nós, quando adolescentes, não aprontou das suas, sempre querendo fugir um pouco da autoridade dos pais, não é? Alguns conseguiam, outros não, mas quase sempre nos arrependiamos posteriormente.
Quero deixar aqui um agradecimento especial a você, por apoiar essa campanha iniciado não por mim, que apenas fiz a postagem com o selo, mas por blogueiros iguais a nós, e que estão indignados com a situação em que se encontra nosso país. Uma verdadeira lástima.
Um abraço a tí, Maria.
Marcio
Que desencontro, que infelicidade para ambas as partes. Deu uma peninha...Beijos, Maria Emília.
Cada um com sua loucura...beijo Lisette.
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