sexta-feira, 12 de agosto de 2011

DIA DOS PAIS



O "De olhos fechados" neste Dia dos Pais homenageia seus colaboradores usando de suas  próprias inspirações e criatividade para nos relatar  através de sua obra o que os emociona. E  como não podia deixar de ser - afinal todos são Poetas/trovadores ou Escritores - o tema de todos foi o AMOR, nos seus matizes incríveis e inexplicáveis: amor puro, amor filial, amor pela Cidade, amor pelas  próprias conquistas,   amor pela natureza, amor paixão e  amor pela  profissão.
Parabéns amigos, ficou linda a homenagem que fizeram a vocês mesmos e a todos os Pais que nos prestigiam com suas visitas às nossas postagens.
FELIZ DIA DOS PAIS - 14/8/2011!



GILSON FAUSTINO MAIA
UM CORAÇÃO COMPLEXO

Não lhe darei a emoção
que trago dentro do peito.
Só se for meu coração,
também, com cada defeito.

Tem versos de amor, tem manha,
tem mágoas e tem saudade.
tem coisas que até me assanha...
Tem orgulho e vaidade.

Tem cada imagem gravada!
Louras, morenas, mulatas,
da juventude passada
ao sabor das serenatas.

De cicatrizes, coberto,
só aguardando o momento
de voltar à origem, certo
de ter bom acolhimento.

Gilson Faustino Maia
Petrópolis / RJ
 
 
 
 JOSÉ CLÁUDIO ADÃO - CACÁ
CONFIDÊNCIAS GENÉTICAS DE UM ITABIRANO

A MEU PAI
Filho de Zé Felipe e Maria Delfina,
Nasci e alguns anos vivi em Itabira
Por isso sou um Adão.
Não sou alegre nem sou triste
Oitenta por cento de ferro na botina e no uniforme
62,85% de fibra de ferro na alma
O resto é maleável
A vontade de amar que não paralisa a de trabalhar
Vem de Zé Felipe, com seus cabelos brancos,
 muitos desejos e muitos horizontes
E o hábito de sofrer que não me diverte, mas fere
Não é herança de Zé Felipe
É adquirido.
De Zé Felipe trouxe prendas diversas
Essa canela fina, esse macacão de mecânico
Esse diploma sindical
Esse orgulho e essa cabeça pensante
Não tive ouro, nem gado , nem fazenda
Hoje, como Zé Felipe, sou do INSS mas ativo
Itabira pode ser uma fotografia na parede
Mas Zé Felipe é uma metade de mim

Ai, Ai, Ai,

Ou sou eu dele?

José Cláudio Adão - Cacá
Belo Horizonte/MG

Obs: Deixo o meu fraterno abraço a todos os pais que por aqui passarem.





    ADEMAR MACEDO
SANTANA, MINHA CIDADE...

 Uma estrela com luz incandescente
ao nascer de Deus Pai eu recebi,
foi por isso que eu nunca me esqueci
da infância que guardei na minha mente;
recordá-la, eu recordo tão contente
de uma infância tão pura boa e mansa,
e remexendo os cascalhos da lembrança
eu encontrei uma mina de saudade;
cada pedra que calça esta cidade
tem um rastro que fiz quando criança...
  Ademar Macedo
Natal/RN

                                                                            



Jorge Roberto Soares
MEU MUNDO

Adoro este ar que respiro neste espaço todo meu
Que cuido conservando tudo aquilo
Que a natureza me deu
Este cantinho é meu mundo
Onde me refugio de tudo
Aqui me sinto livre de pensamentos
Aqui sinto a paz no som do cantar dos pássaros
No leve soprar do vento
No lidar com os animais
Respiro o ar que limpa a alma
Enxergo os encantos e me encanto
Com tudo que a natureza me traz
Uma bela flor do campo
Que nasceu sem eu plantar
Sua semente na terra
Pra que possa brotar
Uma linda borboleta
Solitária como eu que demonstra estar feliz
E todas as outras tantas coisas
Que aqui tenho pra mim
Este é o meu pequeno mundo
Onde vivo feliz.
Jorge Roberto Soares
Além Paraíba/MG 
 


 
  WRAMOS
BALÉ DAS BORBOLETAS …..





      


Sempre que posso gosto de ir até aquela pracinha que não fica muito longe da minha casa. Não sei explicar bem mas ali encontro uma paz, me sinto muito bem , parece que meu coração desacelera as batidas e sem nenhuma dúvida é uma delicia sentar num daqueles bancos e sentir a suave brisa tocando no meu rosto.

Aquele lugar parece mágico, dá a impressão de ser habitado por anjos invisíveis que ali me mostram cenas lindas, inesquecíveis e que me fazem esquecer minhas preocupações e até estão permitindo que eu aos poucos vá enterrando algumas decepções e desilusões .

Por incrível que pareça, embora já estamos em pleno outono, mas ainda percebo naqueles frondosos jardins algumas flores, tímidas é verdade, mas que conseguem exalar um perfume agradável , contribuindo para que o ambiente se transforme numa especie de recanto paradisíaco.

Não se ouvia nenhum som e no lugar em que estava sentado, estrategicamente próximo a um canteiro de arbustos bem tratados era possível sentir o cheiro de terra molhada, e isso pelo fato de ter chovido um pouco na noite anterior.

Ao longe, mães e babás acompanhavam atentas as travessuras de seus filhos, e eu estava completamente à vontade, meu pensamento voava longe e olhando para o céu, consegui formar vários desenhos com nuvens branquinhas que passavam um pouco apressadas, tocadas por um vento amigo que soprava na direção sul.

Foi aí que percebi duas borboletas que voavam despreocupadamente e acabaram pousando numa mesma folha. Eram duas lindas borboletas com asas multicoloridas onde sobressaiam uma cor amarela bem forte. Difícil não notar.

O interessante é que elas pareciam brincar em volta daquelas plantas com se estivessem numa imaginaria perseguição e pareciam duas crianças muito levadas .

De vez em quando pousavam juntas numa mesma folha, e neste momento, enquanto sossegavam a respiração, não tenho duvida, trocavam carícias e quem sabe alguns palavras de amor. Palavras de amor na linguagem das borboletas, claro.

Em seguida elas voavam novamente e juntas davam voltas e piruetas como estivessem se exibindo para uma plateia invisível, provavelmente aquela a que me referi antes.

Então, elas pareceram ter notado minha presença e uma delas, possivelmente a fêmea, pousou na minha perna. Eu procurei ficar imóvel para não assustar minha nova amiguinha e então a outra borboleta se aproximou, com certeza o macho e sobrevoou em volta da minha cabeça, certamente tentando adivinhar minhas intenções para com sua companheira .

Esta permanecia imóvel e eu seria capaz de jurar que me observava atentamente através dos seus pequeninos olhos. O macho que ao contrário parecia nervoso, irritado, talvez numa seria crise de ciúmes final pousou no meu ombro , perigosamente próximo ao meu ouvido.

Imagino o quanto ele não estaria ali tentando me falar, quem sabe me desafiar para um duelo . Eu não conheço a linguagem das borboletas, aliás, de nenhum inseto ou pássaro mas em pensamento tentei explicar ao caro amigo de asas coloridas que não faria mal a ele e nem a ela.

Aliás, ainda em pensamento, aproveitei para dizer que sua parceira estava muito bonita com aquelas asas coloridas com um tom amarelo sobressaindo. Podem não acreditar no que estou falando mas parece que o amiguinho voador me entendeu e do meu ombro voou para minha perna onde a borboleta fêmea permanecia estática.

O meu amiguinho ciumento deve ter chamado a atenção dela para não ficar falando e muito menos olhando para estranhos , principalmente quando não se tem certeza das intensões de estranhos que procuram passar o tempo sentados num banco de uma pracinha deserta.

Pouco depois eles levantaram voo novamente , bailaram em frente aos meus olhos, passaram rente a minha cabeça, deram mais uma longa volta, sempre juntos e como se estivessem se despedindo pousaram rapidamente na minha perna e em seguida desapareceram no meio das árvores.

Eu nunca consegui imaginar se as borboletas voam porque são bailarinas ou são bailarinas porque voam. O que sei é que dei um largo sorriso em direção a majestosa árvore que estava às minhas costas e fui prá casa, mais uma vez aliviado, completamente esquecido de algumas preocupações e aborrecimentos.

E tem gente que não aprecia a natureza.......
  WRamos
Belo Horizonte/MG




 MACEDO/FRANCISCO NEVES
TARDE DEMAIS
 

Foi grande o encantamento inicial
que a força da libido despertava,
aquele grande amor que começava,
não tinha hora, lugar, nem ritual.

Sorrateiro, chegou grande rival:
Na tela era a rotina que chegava...
Aquele fogo de antes não queimava;
num clique deletei nosso ideal.

Nossa vida de amor e fantasia,
foi murchando e morrendo dia a dia...
- Cansado da rotina dei um clique.

Um dia com saudade quis voltar,
e sai como louco a procurar,
mas em canto nenhum achei o mouse!

Macedo, Francisco Neves 
 Natal / RN



 
PAULO MEDEIROS 
MESTRE CUCA

O sol já se escondia timidamente instilando um cinza agudo no côncavo do azul como que não querendo presenciar aquele encontro de olhos baços sem nem sequer faiscar uma fagulha de sinergia a ponto de incendiar quarenta e poucas almas, que à primeira vista, se desenharam tão minúsculas.

Olhares atravessados de cima pra baixo fazia daquela sala de produção de conhecimento um verdadeiro formigueiro de desconfiança. Linha cruzada logo no primeiro encontro me fez até apetecer que aquilo fosse tão somente um trote.

Enquanto dava com a língua nos dentes e gastava meu latim, agradecia as paredes por elas terem ouvidos e o discernimento de filtrar entre tantas vozes paralelas o que tinha de informativo naquele meu discurso preliminar.

A essa altura dos acontecimentos a lua linda, surgira nua vestindo de paciência meu corpo lasso de uma longa jornada de trabalho segurando um marcador de quadro branco na mão direita e um apagador branco – como que a pedir paz - na mão esquerda e falando classicamente agora em uma língua bárbara.

Poderia deixar correr à revelia e respeitar as idiossincrasias de cada um naquela sala, porém aquele insólito comportamento comprometeria todo o planejamento de um semestre meticulosamente programado para ser efetivamente bem sucedido.

Então, resoluto a transformar aquela massa heterogênea em homogênea, vesti o avental do mestre Cuca, untei a panela com amor, coloquei um punhado de dedicação, uma pitada de paciência, uma colher de chá de altruísmo, recheio de comprometimento e de cobertura... Superação.

Deixei a sala de aula naquele primeiro encontro com cara de quem comeu e não gostou, hoje redijo esse texto com o sabor doce da saudade e com a certeza de dever cumprido e de um semestre de muito aprendizado para mim. Despeço-me com um grande OBRIGADO!

Paulo Medeiros
Manaus/AM














5 comentários:

chica disse...

Cada um, de um modo, fez uma linda homenagem aos pais e foram muito inspirados.Adorei cada um! Parabéns aos papais!beijos,chica

Eduardo Medeiros disse...

maria, fantástica essa seleção de textos tão inspiradores onde o amor é a força motriz. (ri muito com a foto com as carinhas trocadas..rss)

bom fim de semana e bom dia dos pais.

ju rigoni disse...

Querida amiga, textos belíssimos compõem seu post-homenagem.

O meu pai já não se encontra mais por aqui. Tambem dediquei a ele algumas palavrinhas que deixo para você aqui:

Bem-Me-Vi
(para Amyl, meu pai. 1913-2001)

O pensamento nublado,
o espírito encharcado…
A chuva cai com força
aqui, dentro;
aqui, onde não me conheço;
aqui, onde tudo é segredo…

Mas, lá fora, o vento é brando,
e esta manhã tão azul
não combina com meu pranto.

Tento me abandonar,
sair de dentro de mim,
e caminho devagar,
bem devagarzinho,
para não espantar
esse passarinho
que parece fazer ninho
na árvore que eu plantei.

“Bem-te-vi”, ele revela.
Bem-me-viu esse amiguinho
que decide ser vizinho
num momento tão difícil…

Sento-me ao chão da varanda
olhando para o jardim
e pra esse bichinho tão frágil,
de corpo tão delicado,
de canto tão encantado,
que quase me rouba um sorriso!

Meu Deus! Como posso eu,
em meio à tamanha tristeza,
vislumbrar suavidade,
descobrir tanta beleza?…

Como ouso render-me
ao hiato inevitável
que ao meu pai aponta o chão
e a mim a minha árvore
plena de vida com asas?…

Tudo que me consome,
tudo que me corrói,
em beleza ou fúria,
sabe de cor a natureza.
Eu só sei do mistério.
Eu só sei do que eu não sei…

E eu não sei do nunca mais.

Este céu,
este gorjeio,
as ondas quebrando mansinho,
sem parar,
sem parar,
sem parar…

De janeiro a dezembro
aquele novembro que, eu sei!, voltará…
Pé-ante-pé… Levezinho,
como as folhas dançam na brisa.

A saudade é passarinho
fazendo ninho
na minha ibirapitanga…

ju rigoni

E perdoa a demora, amiga. Estou tão enrolada com meu trabalho... Se a coisa continuar assim, tão apertada, terei que deixar de blogar por algum tempo. Por enquanto, vou indo como posso. Bjs, querida, bom fim de semana. Inté!

Ivana disse...

Todos os dias são seus, mas amanhã tem um gostinho especial de aconhego, afeto, amor e alegria. Parabéns a todos, feliz dia dos pais. Um abraço!

Anônimo disse...

Olá, Emília!

Por aqui, O Dia do pai, já passou, mas nunca é demais comemorar.
A selecção dos textos é rica, com muito por onde escolher, e tendo gostado de todos, gostei daquele dedicado ao coração, que gostaria de começar de novo...

Beijinhos; bom Domingo.
Vitor