domingo, 25 de setembro de 2011

É o certo?!...

Ontem de manhãzinha minha filha entrou pelo meio da casa como se fosse um furacão. Fazia tudo ao mesmo tempo: tomava banho, perguntava se já tinha café, colocava a roupa e se calçava, perguntava as horas a cada segundo e do jeito que entrou, saiu pela porta a fora carregando uma maçã na boca, enquanto vestia o casaco e soprava um beijo com a mão meio de lado para mim. Estava atrasada para a Faculdade.
Agora toda segunda-feira era o mesmo ritual, chegava muito cedo, parava a vida de todos e saía como se só sua vida fosse importante. Ela, aos dezoito anos recém feitos, está namorando e, como é moderno, tem não um namorado, mas um “namorido”.

Não sei se agora é que está certo, mas não foi assim que eu sonhei quando pela vez primeira vi minha princesinha cor de ébano e a tive em meus braços, tão linda com os grandes e belíssimos olhos negros que me fitavam e já me informavam que ali estava uma pessoa decidida, apesar da fragilidade de todo bebe nos seus poucos minutos de vida.

Conversando com amigos, todos nós estamos passando por este momento que não conseguimos definir como começou a ser normal, quando foi que permitimos esta abertura e sempre vem à tona a questão da violência urbana, o cerceamento de nossa liberdade na época de nossa juventude, quando o sonho de liberdade povoava todos os nossos desejos – quiçá essa liberdade que agora a mim incomoda tanto. Discutimos, refletimos, mas nunca conseguimos chegar a uma posição única, embora o sentimento de todos seja igual – impotência.

Essas mudanças aconteceram em um espaço de tempo recorde. E, apesar de tornar o café da manhã mais movimentado quando os dois, aqui de casa, resolvem trazer seus “namorido” e “namesposa” para “pernoitar” por aqui, não deixo de ficar triste. No meio das cinzas dos meus sonhos, sinto uma pontinha de alívio e penso: graças a Deus eles têm caráter, são autênticos, não mentem, não enganam ...Mas, ainda assim, não consigo resposta à pergunta que me persegue: “É o certo?!...”
                                                             Maria Emília Xavier








4 comentários:

chica disse...

Te entendo perfeitamente.Passei por tudo isso 4 vezes,rsrs...


Sentimos que é tudo diferente, mas na real ,agora É ASSIM...Não adinata nos questionar, querer isso ou aquilo.

Nós fazíamos tudo escondidos e eles, às claras.Por vezes até demais,rsrs


beijos,tudo de bom,chica

Caca disse...

Maria Emília, que coisa boa esta reflexão! A liberdade que tanto lutamos por ela, agora está aí e a gente não sabe bem como fazer diante dela. Ou ela foi distorcida pela nova geração que não precisou entender o significado de sua conquista? Também não sei, sei que a fugacidade e a efemeridade estão na ordem do dia das realções dos jovens. Quando falam de amor, a sensação que eu tenho é que estão falando tão somente de sexualidade e não da alma. Como disse o Rubem Alves (no seu livro para adolescentes: E AÍ?), o melhor é a gente estar sempre por perto para juntar os cacos.

Abraços e ótima semana.

Leonel disse...

Difícil, Maria Emília, é aceitarmos numa boa as mudanças dos costumes.
Principalmente quando se refere aos nossos filhos.
Se é certo?
Talvez hoje seja! O problema é: no nosso tempo de juventude não era, e por isso, estamos condicionados a não tolerar essas coisas numa boa!
Mas, acho que neste caso, é positivo o fato de haver transparência.
Pelo menos, há abertura para o diálogo!
Abraços!

Ivana disse...

Levar os namorados e os amigos é sinal que eles sentem-se à vontade na casa onde vivem. Melhor na sua casa, você pode conhecer os amigos e os namorados, saber com quem eles se relacionam. Somos boas mães. Bjs