terça-feira, 8 de setembro de 2009

Que saudade da vida sem prazo validade...

Depois de um fim de semana emendado a um feriado, os dias que se seguem formam sempre uma semana esquisita, arrastada.
O sentimento de saudade se o descanso prolongado foi bom é de alívio se o descanso não foi como o esperado, é sempre desgastante. O primeiro, porque queremos só ficar sonhando com o que vivemos. O segundo, pelo sentimento de oportunidade perdida, em que a cobrança de um pretenso erro de planejamento, muitas vezes nos paralisa.
Mas o tempo não para e não espera ninguém sonhar ou ficar paralisado...
Essa vida que a gente leva, onde o mais é sempre a coisa a ser alcançada, não existe tempo para recordações, para cobranças de erros na vida pessoal...O tempo é para planejar a carreira, planejar a vida que se quer viver, planejar quantos filhos se "pode" ter, planejar..., planejar... E..., planejar!
Ah...Eu tenho saudade de mesa posta, de cheiro de café coado no coador de pano, de pãozinho quente direto da padaria e não do freezer para o micro ondas ou para o forninho, de leite de vaca mesmo, não de caixinha ou em pó, da conversa com a família, onde se ficava sabendo notícias de todos e quando ainda o filho, do filho, do filho da minha Tia era meu primo sim, apesar da distância sanguínea...do tempo em que o café da tarde era tão importante como qualquer outra refeição e a mesa era posta, repetindo o café da manhã com o acréscimo de num dia um bolo, no outro uma rosca, no outro um bolinho de chuva, no outro um biscoito.. Tudo feito em casa, sem prazo de validade...
Ah ...Eu tenho saudade de vizinhos...é, de vizinhos..., amigos das horas alegres e das horas tristes, de atender a porta e receber um pedaço de bolo de uma receita nova que alguém estava experimentando, de bater na porta de algum deles e pedir emprestado uma xícara disso ou daquilo para pagar depois, de deixar a chave da minha casa para ser entregue `a secretária, pois eu precisava ir ao banco - ah..., o banco ficava aberto o dia inteiro, afinal o dinheiro que lá estava era nosso -, de a noitinha, ficar na varanda, cada dia na casa de um amigo, jogando conversa fora, planejando as festas e passeios do final de semana, namorando, jogando "buraco", escutando musica, brincando de "queimada" ou bambole, menos vendo televisão - isso nos fazíamos pouco e sempre após o banho da tarde ou pela manhã após ter feito os deveres da Escola -...
Ah...Eu tenho saudade das férias...Nós tínhamos férias de primeiro de Dezembro até primeiro de Março e de trinta de Junho até primeiro de Agosto. Para mim, este período era muito bom, mas não era extraordinário, pois eu passava todas as minhas férias em Além Paraíba/MG, alternando dias na Cidade e dias na Fazenda. Era bom porque a família ficava toda reunida e nós, aqui do Rio, nos encontrávamos com todos os nossos primos, mas eu ficava muito dividida, na realidade eu queria estar era aqui no Rio, junto dos meus amigos. Em Minas, passei todos os meus aniversários, até 15 anos. Foi um tempo legal.
Até hoje lembro das reuniões de todos os primos, onde a brincadeira corria solta, quando Eliane, minha prima, tocava e cantava e, nós acompanhávamos.
"Saudade, sem prazo de validade..." É este o sentimento que me invade quando faço um retrospecto e lembro em flashes, da vida que levei na minha infância e adolescência e comparo com a vida que meu filho levou no meio de todas as facilidades eletrônicas...
Maria Emilia Xavier
09/9/09

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