segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Levada...muito levada. O que fazer com ela?

Já era sexta-feira e ela não conseguia um jeito de ser liberada do castigo. A semana toda ninguém se queixou dela, não deu resposta atravessada, usou o telefone respeitando o direito dos outros, não monopolizou a banheira, não inventou nada para fazer na casa dos colegas e assim só aparecer em casa a noite, compareceu no horário a todos os eventos familiares - desde o café da manhã até o jantar e comeu, sem reclamar, tudo que mandaram -, chegou a assistir os programas na TV que os pais sempre recomendavam e apenas sorria diante da caçoada dos irmãos, mais velhos, sobre seu comportamento irrepreensível . E nada... seu pai e sua mãe não pensavam e sequer falavam em suspender o castigo...
Castigo demasiado, pensou... um mês inteirinho das férias só fazendo os programas com a família, nada de sair com os amigos, sem festas, sem clube, sem namoro no portão... Por que?... Havia ido ao cinema com o namorado sozinha, sem seus irmãos. O pai chegava do trabalho e a viu sair do cinema, sorrindo e alegre, de mãos dadas com um "homem"?!... exagerado... o "homem" tinha a idade dela.
Acontecer isso logo no primeiro ano que os pais haviam decidido atender o pedido dos filhos de passar as férias no Rio em vez de mandá-los para Minas...
Mas até sábado a noite ela acharia uma solução, pois não iria perder o primeiro grito de Carnaval da sua vida. Todos estariam lá, até o "homem"...AHahah...
E, sábado a noite chegou...ela deu boa-noite a todos e foi deitar. Entrou em seu quarto trancou a porta, trocou de roupa e através da janela chegou ao jardim e ali ganhou a rua... Os amigos e o namorado já a esperavam e juntos a sambar e cantar chegaram ao clube... dançaram, se divertiram, riram e gargalharam muito. Ela pensou...meu Deus o que eu perdi todos esses anos naquela fazenda chata...isto é muito melhor do que já pude imaginar, quando me contavam como era...seus olhos faiscavam maravilhados com tanta alegria...Voltou para casa e da cadeirinha que seus amigos fizeram com os braços, galgou a janela e chegou ao quarto...
Não quis acender a luz...mas não foi preciso ela foi acesa por seu pai que abraçado a sua mãe, meio chorosa, mostravam em cima da cama uma roupa, novinha em folha, para que fosse ao grito de Carnaval no clube...
(Maria Emilia Xavier)

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